O estado de São Paulo, em parceria com a Fapesp e empresas privadas, lançou o NeuTroPec, um centro de pesquisa que visa mitigar as emissões de gases de efeito estufa na peculiaridade de corte em regiões tropicais. Com um investimento de R$ 20 milhões, o projeto tem como sede a Unidade de Pesquisa do Instituto de Zootecnia em São José do Rio Preto.
O NeuTroPec busca desenvolver estratégias e tecnologias para reduzir a pegada de carbono na produção de bovinos de corte, compartilhando conhecimento com a cadeia produtiva.
As pesquisas não se limitaram à unidade de São José do Rio Preto, estendendo-se às unidades da Secretaria de Agricultura em Colina e Sertãozinho.
O secretário-executivo da pasta, Guilherme Piai, enfatiza o compromisso do NeuTroPec com a sustentabilidade, bem-estar animal e meio ambiente e a busca pela iniciativa de posicionar São Paulo e o Brasil como referências globais no setor.
O projeto também contribuirá para expandir a produção sustentável, alinhando-se ao Plano Setorial para Adaptação da Agropecuária às Mudanças do Clima e Baixa Emissão de Carbono (2020-2030).
Renata Helena Branco Arnandes, pesquisadora do Instituto de Zootecnia e coordenadora do NeuTroPec, destaca a singularidade do centro de pesquisa na América Latina, enaltecendo o pioneirismo de São Paulo no investimento em pesquisa e sustentabilidade na pecuária de corte.
A Fapesp destinou aproximadamente R$ 9,4 milhões para o projeto, dos quais cerca de R$ 6 milhões serão destinados à execução dos projetos, incluindo material de consumo, serviços de terceiros e equipamentos.
Os R$ 2,9 milhões restantes serão alocados em seis bolsas de pós-doutoramento com duração de 48 meses cada.
Empresas parceiras, como DSM, SILVATEAM, ALLTECH e JBS, contribuirão com mais de R$ 10 milhões ao longo de cinco anos para a realização dos projetos.
Expo Rio Preto
A Expo Rio Preto, que começou em setembro e vai até outubro, proporciona um ambiente de inovação e negócios. O evento inclui exposições, leilões, feira de negócios e a InterTech Agro, uma iniciativa que visa fortalecer diversas cadeias produtivas, promovendo a inovação e a conexão entre os elos do ecossistema agro.
A feira, que na edição anterior registrou mais de R$ 8,1 milhões em negócios, 2,5 mil animais e 40 mil visitantes, espera superar esses números este ano com um calendário de mais de 15 dias.
Pecuária de corte: desafios e caminhos para reduzir emissões de gases de efeito estufa
A pecuária de corte é uma parte vital da economia global, mas também está sob estudo devido às suas emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Essas emissões, principalmente na forma de metano (CH4) produzidas durante a digestão do gado, são concentradas no aquecimento global.
O impacto ambiental da peculiaridade do corte é inegável. As emissões de metano provenientes do trato digestivo dos bovinos representam uma parcela significativa das emissões totais de GEE do setor agropecuário. A expansão descontrolada da natureza contribui para o desmatamento e a manipulação florestal, liberando mais carbono na atmosfera.
Reduzir as emissões de GEE da pecuária de corte é um desafio complexo. O metano é produzido naturalmente durante o processo de digestão dos ruminantes, tornando impossível eliminá-lo por completo, porém, existem estratégias que podem ser adotadas para minimizar o seu impacto.
Algumas perspectivas para a redução do GEE
Nutrição animal: a alimentação do gado desempenha um papel importante. Dietas mais eficientes em termos de emissões, como a adição de aditivos alimentares, podem ajudar a reduzir a produção de metano.
Manejo de resíduos: o tratamento adequado dos resíduos da pecuária pode evitar emissões adicionais de metano. A conversão de resíduos em biogás é uma abordagem promissora.
Pastagens sustentáveis: práticas de manejo sustentável, como o reflorestamento e a recuperação de pastagens degradadas, podem mitigar o desmatamento associado à expansão da pecuária.
Seleção genética: pesquisas buscam identificar características genéticas que levam à produção de gado com menor produção de metano.
Governos, organizações e empresas estão começando a considerar a necessidade de reduzir as emissões da pecuária de corte. Compromissos de sustentabilidade e investimentos em pesquisa visam encontrar soluções viáveis.